O cãozinho surdo Pirata, adotado e devolvido à Dibea (Diretoria de Bem-Estar Animal de Florianópolis) menos de um ano após a adoção já tem uma nova família. O novo tutor também é surdo e já possui uma cadelinha que reconhece a língua de sinais.
João Gabriel Ferreira, de 30 anos, é surdo desde os 9 meses de idade, após contrair uma meningite. Desde que saiu do Rio de Janeiro e veio morar em Florianópolis, cursa doutorado em estudos da tradução na UFSC, mas estava de férias na cidade de origem quando um amigo viu o caso do Pirata nas redes sociais da Dibea e comentou com ele a possibilidade de adoção.
“Somos em quatro estudantes no apartamento onde moramos. Sendo três surdos e 1 CODA (Children of Deaf Adults, em tradução, filho de adultos surdos). Eu tinha comentado que queria adotar um cachorro surdo, igual a gente”, disse João.
Processo de adoção é simples e rápido
O estudante, que trabalha com tradução e interpretação nas horas vagas, diz que o processo de adoção foi bem simples e o primeiro contato com a Dibea foi feito pelas redes sociais.
Primeiramente, a pessoa que demonstra intenção em adotar um animal abandonado tem o seu cadastro avaliado, e em seguida, algumas perguntas são feitas pelo órgão responsável pela adoção. A partir daí, o tutor é aprovado ou não no processo. Entre o primeiro contato com a Dibea e a entrega do Pirata, foram cerca de 3 dias, segundo João.
Pirata foi batizado com um novo nome
Aliás, com a nova família surgiu um novo nome para o simpático vira-lata: Jögan. João revela que a inspiração para a nova identidade do Pirata veio dos desenhos de anime japonês, dos quais era fã:
“Alguns dias antes de saber dessa adoção, eu estava lendo sobre esse olho chamado ‘Jögan’, por curiosidade mesmo. Aí vi o cachorro no Instagram e percebi que o olho azul dele me lembrava muito o do anime que eu assistia!”
Jögan chegou ao novo lar na tarde desta quinta-feira (9). No novo endereço, o cãozinho vai dividir espaço com a cadela Gabi, que já mora com o grupo de amigos há algum tempo, depois de ter sido resgatada das ruas. A vira-lata já entende alguns comandos da língua de sinais.
“Foi bem natural o processo. Ela entende e sabe que somos surdos. Quase não late. Nos avisa de batidas de portas, das visitas, sempre nos pede pra sair de casa e ir passear”, diz João.
Em breve, o recém chegado Jögan também deve aprender a se comunicar com os novos donos, mas João explica que o processo agora é de adaptação a nova casa, afinal, ele já havia sido adotado por outra família e devolvido: “Ele está bem. No começo ficou um pouco assustado. Mas agora está bem feliz! Nos olha o tempo todo sinalizando e conversando em Libras”.
O estudante, feliz com o mais novo membro da família, incentiva a adoção de animais e deixa uma mensagem para quem ainda está na dúvida em praticar a adoção responsável: “Adote, não compre! São seres vivos, não produtos para jogar fora no lixo e nem abandonar…”
FELIPPE LELLES, FLORIANÓPOLIS
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