*Procure uma uma estrela borrada, uma manchinha no céu (não dá para ver a cauda a olho nu) Recomendamos o uso de binóculos.
A olho nu, ele só consegue ser visto se as condições do céu forem bastante favoráveis (sem poluição luminosa ou nuvens). “Para observar o cometa, o mais sensato é usar binóculos, que facilitarão a observação desse visitante ilustre. Além disso, é importante destacar que não é uma tarefa tão fácil achar um cometa no céu”, recomenda o astrônomo Filipe Monteiro, do Observatório Nacional.
“Por isso, além de instrumentos (binóculos, telescópios, câmeras fotográficas), é interessante que as pessoas procurem um lugar distante dos centros urbanos, fugindo assim da poluição luminosa.” Seu brilho está no limite do que o olho humano consegue enxergar.
Quem tiver uma câmera profissional, ou mesmo um celular com regulagens, pode apontá-la para a direção estimada, dar um zoom, e programar uma longa exposição (20 ou 30 segundos devem ser suficientes), para tentar registrar o brilho esverdeado do cometa.
“Ao visualizar as imagens, possivelmente você irá notar um objeto difuso e com cauda. Usando essa técnica, muitos estão conseguindo fotografar o cometa mesmo que não o veja no céu”, conclui Monteiro.
Por que é verde?
Nas imagens registradas por telescópios, chama a atenção seu brilho verde e a cauda longa e azulada.
Um cometa só “acende” assim quando se aproxima do Sol (longe dele, é apenas uma bola de gelo sujo, com pedaços de rochas), e substâncias de seu núcleo passam diretamente do estado sólido para o gasoso, liberando gases e poeira, que criam uma nuvem ao seu redor — chamada de coma ou ‘cabeleira’.
A do C/2022 E3 (ZTF) é bem esverdeada, devido à sua composição diferente dos cometas esbranquiçados. A cor se deve à presença de carbono diatômico.
Quanto mais perto do Sol, estas partículas espalham-se por milhares de quilômetros, “sopradas” pelos ventos solares. Aí se forma a cauda — que desaparece quando o cometa distancia-se da nossa estrela. A do C/2022 E3 (ZTF) é azulada e tem aparência tripla.
Mas estes detalhes são vistos apenas com auxílio de telescópios e câmeras profissionais (astrofotografias).
O cometa
O C/2022 E3 (ZTF) é um pequeno corpo rochoso e gelado, de apenas 1 km de diâmetro, vindo das profundezas do Sistema Solar. Ele passou perto da Terra pela última vez há 50 mil anos, no final da Era do Gelo; as testemunhas foram nossos antepassados neandertais e os primeiros Homo sapiens.
O objeto errante foi descoberto em março de 2022, por um telescópio do Zwicky Transient Facility (ZTF — por isso seu nome), na Califórnia, Estados Unidos. Inicialmente, se acreditou tratar-se de um asteroide.
Mas o aumento de seu brilho, ao ultrapassar a órbita de Júpiter, revelou que o C/2022 E3 (ZTF) tinha origem cometária. Na quarta, ele passou “apenas” 42 milhões de quilômetros da Terra — o ponto mais próximo de nosso planeta, chamado perigeu.
Por Marcella Duarte/Tilt
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