Desde quando começaram as obras de alargamento da Praia Central, de Balneário Camboriú, pelo menos 23 tubarões foram avistados na orla . A contagem é feita pelo Museu Oceanográfico da Univali, em Balneário Piçarras, que coleta os registros e confere os relatos, para identificar as espécies.
A maior parte dos relatos vem de pescadores esportivos e artesanais, que fazem capturas na região. As últimas foram de tubarões-mako, também conhecidos como anequins. Desde quinta-feira (21), quatro tubarões-mako foram capturados por pescadores em Balneário Camboriú. Segundo Soto, todos eram espécimes juvenis.
Esses tubarões são considerados os mais rápidos do mundo e sua condição de preservação é vulnerável. Os anequins já apareceram outras vezes pela região. Em 2019, por exemplo, um espécime foi resgatado em Itapema. Dias depois, um tubarão da mesma espécie apareceu morto na praia.
Relação com alargamento
Especialistas indicam que as obras de alargamento, que revolvem o fundo do mar com o equipamento de dragagem, têm causado uma maior movimentação de tubarões na orla de Balneário Camboriú. Os animais, no entanto, não são novos pela região: o litoral Sul do Brasil é habitat natural para espécies como o tubarão-martelo, o tubarão-azul e mangona.
– Com a dragagem de areia do fundo oceânico há o afloramento e exposição de espécies que vivem no fundo mar, ativando ainda mais o processo da cadeia alimentar. Seres marinhos como crustáceos, moluscos e pequenos peixes se tornam presas fáceis para peixes maiores e, estes peixes maiores atraem outros ainda maiores que é o caso dos tubarões – diz André Neto, biólogo marinho e responsável técnico do Oceanic Aquarium.
As espécies capturadas e avistadas em Balneário Camboriú não são as mesmas que respondem por incidentes na região Nordeste, por exemplo. O International Shark Attack File (ISAF), Arquivo Internacional de Ataques de Tubarões, não traz nenhum registro em todo litoral Sul do Brasil.
Na peixaria, é cação
Os tubarões são alvo da pesca comercial – só em Santa Catarina, são pescados anualmente cerca de 20 mil tubarões, que chegam às peixarias com o nome de cação. O Brasil consome 45 mil toneladas de tubarões ao ano, o que acende o alerta para a necessidade de preservação dos animais.
– Eles são responsáveis por equilibrar as teias alimentares, por serem grandes predadores estão no topo da cadeia alimentar e contribuem para o controle e a saúde das populações das espécies que são suas presas. Além de exercerem uma função extremamente importante na manutenção da saúde dos oceanos, pois comem os animais e peixes doentes, feridos ou mortos. E devemos lembrar que das cerca de 360 espécies conhecidas, apenas algumas produziram algum tipo de interação com o homem – diz Federico Argemi, biólogo do Oceanic Aquarium.
Por Dagmara Spautz
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