Com 59 lojas em Santa Catarina, o Grupo Koch, maior rede de supermercados do estado, tem um projeto voltado para a inclusão de seus 50 colaboradores com deficiência auditiva, sendo que 20 deles são surdos e utilizam a Língua Brasileira de Sinais – Libras na comunicação.
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A empresa está elaborando um sinalário, que é similar a um glossário da Língua Portuguesa e está sendo disponibilizado a todos os 8 mil colaboradores do Koch para ajudar na comunicação entre surdos e ouvintes.
Neste mês, o grupo responsável pela criação do sinalário, formado pelos funcionários surdos e ouvintes e ainda os responsáveis pelo setor do RH, se reuniu no Centro Administrativo do grupo, localizado no Komprão do Bairro Morretes, em Itapema, para discutir os próximos passos do projeto, que vai trazer os principais sinais de Libras sobre o setor supermercadista e aplicações para o dia a dia, incluindo cumprimentos e frases como, por exemplo: “onde fica o setor de mercearia?”.
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O sinalário com as atualizações está disponível de forma on-line na Academia Koch para o acesso de todos os colaboradores. São diversos vídeos gravados em Libras, com legenda e áudio, com as explicações sobre o conteúdo.
O projeto visa facilitar a comunicação entre todos os colaboradores da rede – surdos e ouvintes – e com isso ajudar na inclusão dos surdos, bem como aperfeiçoar a recepção dos clientes surdos que utilizam a Libras como língua de instrução e comunicação.
No Grupo Koch, a inclusão dos surdos e pessoas com deficiência auditiva começa já no processo seletivo, que conta com uma profissional fluente em Libras. Durante as entrevistas com os candidatos, a abordagem é realizada de forma bilíngue, e em alguns momentos com a acessibilidade em Libras.
“O objetivo é que todos os candidatos se sintam acolhidos e respeitados”, diz Deise Ribeiro, analista de inclusão bilíngue do Grupo Koch. Deise aponta que essa é uma iniciativa pioneira na área supermercadista. A acessibilidade em Libras foi incluída no processo seletivo para pessoas com surdez e o sinalário foi criado, porque a empresa acredita que o domínio da linguagem inclusiva faz parte do papel social como organização.
Estima-se que a população mundial de surdos seja de mais de 350 milhões. Somente no Brasil, segundo o IBGE, há hoje mais de 9,7 milhões de pessoas surdas e em Santa Catarina esse número está em cerca de 300 mil.
A comunidade surda aponta que a dificuldade é a comunicação, e isso é crucial tanto para o desenvolvimento quanto para o contato social – incluindo o trabalho, onde é perceptível o pouco conhecimento sobre a Língua Brasileira de Sinais, legalmente reconhecida como meio de comunicação e expressão dentro da comunidade surda no país.
Gabriel da Silva Ruz e Ananda Kelly Vicente Pereira, casal surdo que trabalha no Centro de Distribuição do Grupo Koch, em Tijucas, estão colaborando com a elaboração do sinalário da empresa e comemoraram o fato, pontuando que o grupo os faz se sentir acolhidos e respeitados. Gabriel foi indicado por Ananda para a vaga no Koch e os dois se casaram enquanto já trabalhavam juntos na empresa.
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“É um diferencial, pois percebemos que somos valorizados no Grupo Koch, e os clientes surdos que podem ser atendidos com essa atenção também apoiam essa iniciativa, pois é muito importante e especial ser atendido na nossa língua (Libras)”, explicou Ananda, com tradução de Deise.
O gerente executivo de RH do Grupo Koch, Alisson Pereira dos Santos, também domina bem Libras e pontua que o sinalário é um projeto de grande propósito para o grupo, pois a rede supermercadista preza pelo excelente ambiente de trabalho, pela cooperação entre os colaboradores e entende que a comunicação não deve ser a barreira para as relações.
“Por isso, o sinalário trata-se da construção de um dicionário interno das principais atividades, funções e termos utilizados no nosso negócio para que todos os colaboradores surdos tenham o mesmo entendimento frente aos comunicados oficiais e treinamentos.
Aproveitamos esta construção para introduzir na trilha de aprendizado de todos os colaboradores o conhecimento da Língua Brasileira de Sinais e com isso fomentar a empatia e a cultura inclusiva com os colegas de trabalho e clientes”, completa.
Por Renata Rutes
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