
O humorista Afonso Padilha provavelmente não imaginava que um vídeo postado nas redes sociais causaria tanto barulho — ou melhor, uma tempestade em plena orla catarinense. Com seu estilo característico, ácido e provocador, ele fez piada com Balneário Camboriú e acabou virando o centro de uma polêmica que foi parar até na agenda da prefeitura local.
No vídeo, Padilha dispara críticas à cidade: da água da Praia Central, que segundo ele “dá micose”, à areia que teria cara de “areia de construção”. Também sobrou para os arranha-céus — que, segundo ele, impedem o sol de entrar — e para o perfil dos turistas e moradoras. As falas, especialmente a expressão “mulheres fruta”, usada de forma pejorativa, incomodaram muita gente.
O conteúdo viralizou rapidamente e, como era de se esperar, chegou aos ouvidos da prefeita Juliana Pavan (PSD). E ela não deixou barato. Em vídeo publicado em resposta, a prefeita adotou um tom firme e direto: “A gente aceita brincadeira. Mas o que você fez foi espalhar mentira e ofender as mulheres da nossa cidade”. Juliana também apresentou dados sobre a balneabilidade da praia e reforçou os investimentos públicos no turismo local.
A treta virtual saiu das telas e foi para os palcos — ou melhor, para fora deles. O show que Afonso faria em Balneário Camboriú foi cancelado. Segundo a empresa responsável, a decisão teve como base a repercussão negativa e uma preocupação com a saúde mental do comediante. O espetáculo foi remarcado para Timbó, no Vale do Itajaí.
Como em quase toda polêmica da internet, o público se dividiu. De um lado, defensores ferrenhos da liberdade de expressão e do humor como crítica social. Do outro, moradores, internautas e autoridades locais que viram nas falas um desrespeito gratuito à cidade e às mulheres.
No fim das contas, o episódio levantou uma discussão que vai além do humor: onde termina a piada e começa a ofensa? E qual o papel de quem tem milhares (ou milhões) de seguidores quando decide apertar o “publicar”?
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