A adoção do polêmico protocolo de medicação para sintomas iniciais de Covid-19 em Balneário Camboriú provocou mais uma baixa. Depois de três médicos terem deixado o comitê de gestão, por discordarem da prescrição em massa de medicamentos que não têm comprovação científica de eficácia contra o novo coronavírus, foi a vez da secretária de Saúde pedir demissão. Andressa Haddad foi substituída por Leila Crocomo.
Andressa deixou o posto na última quinta-feira (9), sem se pronunciar. No fim de semana, ela publicou um texto nas redes sociais em que afirma ter pedido exoneração devido à mudança de protocolo. A prefeitura de Balneário Camboriú adotou tratamento com remédios como a ivermectina, que é um antiparasitário usado para infestação de pulgas e piolhos.
O comunicado da ex-secretária, que é enfermeira, afirma que ela participou ativamente da formulação do protocolo de tratamento anterior, “baseado exclusivamente em estudos e evidências científicas nacionais e internacionais das sociedades médicas”, que foi substituído pelo atual programa de medicação.
“Nas últimas semanas observei que não mais estava contribuindo para as tomadas de decisões do executivo, decisões essas totalmente divorciadas do que eu, Andressa Bertiel Willeke Hadad, Enfermeira e Secretária Municipal de Saúde entendo como científicas”, escreveu.
A adoção do novo protocolo é alvo de um procedimento do Ministério publico de Santa Catarina (MPSC). A 6ª Promotoria de Justiça de Balneário Camboriú questionou o Conselho Regional de Medicina (CRM-SC) sobre o uso de medicamentos como a ivermectina de forma maciça, e ainda aguarda manifestação oficial do órgão.
A nova secretária de Saúde, Leila Crocomo, também é enfermeira e vinha atuando na Vigilância Epidemiológica municipal, nas ações de enfrentamento ao novo coronavírus. Em nota oficial, o prefeito Fabrício Oliveira agradeceu Andressa Haddad “pelo empenho e profissionalismo”. A prefeitura não comentou o motivo para o pedido de exoneração.
Por Dagmara Spautz
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