A Câmara de Brusque, terá uma mulher negra como vereadora a partir de 2021 . Com 753 votos, Marlina Oliveira Schiessl (PT), 37 anos, marca seu nome na história do município como a única mulher da legislatura e a primeira negra a ocupar a função de vereadora em 137 anos de história da Câmara.
Natural de Erechim, no Rio Grande do Sul, Marlina está em Brusque desde 2009. Desde 2010, atua na coordenação do Centro de Educação Infantil (CEI) Pequenos Pensadores, no bairro Guarani. É servidora efetiva da prefeitura desde 2011.
A vereadora eleita possui graduação em Pedagogia pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai, especialização em Metodologia de Ensino da Educação Infantil e Anos Iniciais, é mestra em Educação pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Marlina estava em casa acompanhando a apuração dos votos neste domingo, quando recebeu a notícia de que foi eleita.
“Eu me distraí porque estava demorando demais, quando recebi a ligação de um amigo falando que eu estava eleita. Quando vi que estava eleita mesmo, foi uma alegria imensa. Eu sou uma vereadora negra em Brusque. Isso é relevante, histórico, é propositivo”, declara.
A vereadora eleita afirma que o envolvimento com a educação e também a sua participação em diversos coletivos relacionados à diversidade, foram fundamentais para conquistar os votos.
A identificação das pessoas negras, sobretudo mulheres, que vivem em Brusque e que estão em busca de representatividade na política também foi crucial para sua eleição.
“Consigo sentir nas ruas o diálogo com as pessoas negras residentes em Brusque. Estar na rua me fez encontrar com essas pessoas, que assim como eu, chegaram de outros lugares e escolheram esta cidade para viver”.
Nova visão
Esta foi a primeira vez que Marlina disputou uma eleição. Ela diz que decidiu se candidatar porque começou a entender e questionar o espaço político das vereadoras e vereadores de Brusque.
“Percebi que o espaço político necessitava de uma outra maneira de pensar. Comecei a frequentar o coletivo de mulheres negras de Santa Catarina em 2017 e esse coletivo veio ao encontro dos meus anseios. A Câmara é um espaço de tomada de decisão, em que se pode levantar o debate, fazer proposições, além das funções que todo mundo sabe”, diz.
Marlina destaca que chegar à Câmara de Brusque é uma oportunidade para que a população conheça outras vozes e olhares.
“A Câmara de Brusque sofreu uma renovação. Além de mim, teremos 10 pessoas novas. Acredito no potencial do diálogo e na construção política, independente das nossas diferenças ideológicas, temos uma cidade para construir, por isso, é necessário fazer política séria, responsável”.
A vereadora eleita está extremamente orgulhosa do seu feito histórico. “Sou a primeira vereadora negra eleita. Isso me enche de alegria, de orgulho. Estou honrada com cada um dos votos que recebi. Assumi desde a candidatura a responsabilidade de fazer uma construção política ética, rompendo com a cultura do ódio e propositiva”.
Mulheres na Câmara de Brusque
Até agora, apenas cinco mulheres já ocuparam uma cadeira na Câmara de Vereadores de Brusque. Marlina será a sexta.
A primeira vereadora de Brusque foi Maria de Lourdes Fantini Benvenutti, que se elegeu nas eleições municipais de 1992 pelo PDT. Ela exerceu o mandato de 1993 a 1996.
Na legislatura seguinte, duas mulheres entraram no parlamento municipal: Paulina Coelho Harle, eleita pelo PFL, e Gleusa Luci Fischer, pelo PPB. Foi a única vez que a cidade teve duas mulheres na Câmara ao mesmo tempo.
Paulina voltou a se eleger para os mandatos 2001-2004 e 2005-2008. Em 2012, Marli Leandro (PT) foi eleita para o parlamento. Em 2016, as mulheres foram representadas por Ana Helena Boos (PP), que exerce o mandato atualmente.
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